domingo, 4 de outubro de 2015

sweet is the memory of distant friends! like the mellow rays of the departing sun, it falls tenderly, yet sadly, on the heart.
washington irving

domingo, 27 de setembro de 2015

inquietude travestida de calma
em meio a telas multimilionarias coloridas
polidas frias
emanando uma luz febril
e luzes brancas calmas

fantasmas em redenção (?

o círculo branco da lâmpada
os discursos mudos em azul cromaqui e rosa
choque e pelúcia
e acrílico sussurros
que prefiro apenas não entender

o que assim me desfaz
a esses olhares de soslaio
acenos de cabeça
o movimento límpido
eterno
de um ventilador
o borrão laranja das suas

hélices

tintas radiais flutuam

o som resonante disléxico
do vidro infinito
se projetando
como uma queda dos céus

... penetrando cada camada
das nuvens... da Cloud
... das ondas de rádio...
espatifar-se o patife na água
belo

sábado, 22 de setembro de 2012

r.

quem é você
bicho místico
de pelugem caudalosa
refletindo mil sóis
em sua íris caleidoscópica

quem é você
guardiã da minha intimidade
e da minha infância
cujo santo graal levas
no lado esquerdo do seu peito aberto

e repousa em pedras pontiguadas
cavando antigas esferas perdidas
e objetos sagrados
cultuados por civilizações antigas,
todos estes que pertenceram a mim

quem é você que
verte carne e espírito
a cada passo que dá
sobre a calma e vibrante relva
de um romance mediterrâneo?


domingo, 18 de março de 2012

entre o sonho e o concreto, me saem os serialistas


o segundo em que acordamos é um dos momentos mais importantes do dia. o inconsciente se alastra e se funde completamente com a consciência. é uma fusão bonita. vislumbrar o concreto e o subjetivo juntos se confundindo. lembro que, nesta noite, acordei com vômito quase saindo da boca. foi um susto, de repente. e a primeira coisa que pensei, neste segundo palpável e místico, foi "quase que ponho pra fora todas as músicas que escutei esta noite: Chopin, Webern, Schoebenrg e Nico" e não na comida que tinha ingerido na mesma noite. curioso, não? até eu me surpreendi com isso. ainda não pensei sobre o que isso significa, apenas continuo mesmerizado pela magia do acontecimento.


segunda-feira, 12 de março de 2012

assassínio


porque não há melhores sentimentos do que aqueles após sua morte, após o ataque a si mesmo, as mortes planejadas que me acontecem todos os dias. ou as mortes do acaso. essas são um caso sério. é preciso ter paciência. e, de verdade, quando não me levo à morte (diferente do suicídio), é quando me sinto estagnado, reverenciando a essência da própria infertilidade. matar a si próprio é uma prova de pura criatividade, de fazer nascer e ser teimoso, um tanto indisciplinado, ser rebelde e assassinar as suas inertes convenções. valores congelados, idéias plantadas em terreno árido, seco, marrom e cruel. ganir diante do nada, tarefa de difícil compreensão, esforço no ofício de destruir sua familiar figura.


sexta-feira, 2 de março de 2012

com o cálido cuidado
do teu toque tresloucado
a minha avolumada dança
te engole, página por página

a tua esperança se lança
e se esparrama, dona
de um generoso cálice
sorvendo mole paciência

um pranto doce, um acalento
melancólico como todos os já paridos
molda a minha suja fronte úmida
suja úmida e contraste
a natureza do ser

e o teu espero me exaure
de angústias
tua tolerância e fidelidade
esperança ao lado

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

cargueiro alemão

enorme
doce existência
tremente &vigilante
toco a tu vulnerável

pois sois frágil cintilância
mas não careces de fortaleza
formosa absurdidade do gênio

arredio &cautela
grandioso qual mente o haverá criado
estupenda existência
luzidamente rútilo
o fazer do teu eu completo - prima obra
embarque numa nova jornada em outro
eu