quinta-feira, 29 de setembro de 2011

misadventure

eu passeei um tanto pelo que me pareciam linhas de baixo distorcidas e acabei perfurando meu pé com vários cacos de vidro e cristal espalhados pelo caminho, até porque não havia nenhum caminho certo. não havia nada certo, a incerteza era que haveria sempre um rastro de fumaça, alguém fumando um cigarro, um charuto cubano na esquina e me olhando de soslaio como se tivesse feito algo de muito errado, um olhar de recriminação ou um olhar analítico e profundo - nessas horas, eu sempre sinto como se minha alma tivesse sido desnudada em frente a uma fogueira imensa e eterna com todos os meus livros prediletos, meus autores prediletos sendo queimados. não era uma inquisição, mas uma espécie de absolvição. eu os absolvia de todos os pecados que havia cometido depois de ter lido seus livros. alguns rolos de filmes também eram lambidos pelas chamas nuas mas, na verdade, esses iriam viver para sempre para sempre. alguns deles eu guardei num compartimento muito especial do meu vaso sanitário. eu ri lembrando de quando declamei alguns poetas obscuros para minha mãe pelo telefone e de quando li pra ela Bukowski falando sobre cocô antes de me empurrarem a cabeça sobre uma estaca de madeira que perfurou minha testa, minha fronte mística, meu terceiro olho.

Um comentário:

Rita Loureiro Graça disse...

Você e sua merda me encantam ;) (ri)