sábado, 26 de março de 2011

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de súbito, a primeira gota da chuva caiu nos meus dedos. no ceú havia uma antena que apontava para mim. as paredes estavam cobertas por poeira, cinzenta, engrecida. tudo ali era mais do que decadente. garrafas espalhadas por todo o lugar e bitucas de almas relentas decoravam o mais belo aposento da casa. um livro de arte com folhas rasgadas. o renascentismo da cor das paredes era evidente nos anjos recortados e colados. dentro de sua mente havia uma iluminura opiática que contradizia todas as convenções sociais existentes da forma mais convincente e clara. puritana e agarrada era o seu pior inimigo, das doces luas gigantes aos tape-tapear de máquinas correndo pelas ruas de sua casa, pelos altares de seu templo e afundando nas gavetas de sua cômoda de madeira de demolição.

Um comentário:

Rita disse...

que bela ode ao artificial.