terça-feira, 21 de setembro de 2010

maldição da pata

Ela tinha olhos esbugalhados. Mão pequena e um pé muito grande. Uma perna muito grande. O nariz largo. Os lábios. A dicção falha não falava. Conseguia, não podia. Não tinha instrumentos. Não tinha pessoas. De perto. Aproximação. Pisava numa terra de um ambiente árido pessoas coloridas que a ela não se dirigiam. Seios pequenos. Mamilos pontudos e negros. Mamilos pequenos. Clavícula avantajada. Lábios. Cabelo cobra caracol. Cobra medusa caracol. Grande. Olhos de disco solar. Disco solar castanho. Testa e raiz. Nada de ruim a lhe tocar. O deserto perto rodeando a vila. O deserto perdido no mundo e de si onde ela havia de se perder algum dia em que o tédio e a ruína a solidão desespero viessem cavar sua cova longe da selva. Do elefante. Ele havia lhe dado aquele presente. O elefante e a tromba. A tromba marfim cheia de amor e sangue feroz dilacerar proteger armar avant. En garde rápido que eu não te espero.
'Menina, vem'
A árvore retorcida seca mal tratada pelo lugar pelo sol. Sol. Dos olhos dela. Dis-tan-tes. Uma tumba em cada íris. Um portal de cimento cinza decadente cemitério para a maldição. Uma perna muito grande. Na selva. Úmida e labirinto. O elefante rei deus poderoso mortal lhe concedeu o respeito. O marfim imponente baixou. Ela tem uns olhos... Desde pequena tem esses olhos. Ao nascer previu a vida e a maldição vinda da selva. O elefante vislumbrou o futuro inevitável inexplicável irrevogável inelutável irredutível dedicado e morto. Sua perna. A perna. A pata. A enorme pata animal deu a ela de presente. Presente que no fundo da aparência era maldição. E na superfície da aparência também se tornou maldição infortúnio. Pecado a ela concedido de boa vontade. Seus lábios cerraram. Velhos. Adolescente. A perna a pata de elefante. Maldição. Olhos da menina. Lábios. Visão de horizonte deserto morte ruína. Mão pequena e boca calada. A pata maldita.

Um comentário:

Rita disse...

CARALHO.

*não pense que desmereço seu texto com chingamentos. *

é que me exasperei.

FODA

para sempre.
que ritmo! que final! tudo.

*respira.*

preciso lê-lo cem mil vezes.