segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Oceano de Tudo

Eu é que sou bobo,

Eu é que quero inspirar música e confundi-la com vida;

Eu é que quero o finalzinho do infinito do horizonte;

Eu quero é que o mundo e as pessoas se mostrem magníficas,

Porque eu sei que eu é que não sou.


E nós, aqui, em paz, é que os somos todos em si,

Nas mais infinitesimais gotas dos grandiosos oceanos.


Eu é que quero não ignorar ser nem experiência alguma:

Não importa, tudo é valioso.

Eu é que quero todas as caixinhas, todos os vestidos, todas as mulheres,

Os homens, as filhas, todos os velhos, os mudos, os pássaros e os veados:

Todos dentro de mim.


Eu é que quero buscar, ganhar – nada de perder-,

E fazer tudo no maior desconcerto.

Porque a vida de ninguém se perde no conforto da solidão em vão:

Há olhos para tudo,

Há bocas para oprimidos.


Eu é que não quero me trancafiar num microcosmo.

Eu é que, em mim, sei que amo.

Amo, amo demais. Mil vezes, se possível.

Mas não me irei tolhir, nem aprisionar a um ser:

Um homem, uma mulher.

(E eu que sou o tolo)


Pois há dias para se transcorrer;

E pensamentos para se transgredir:

Tudo em seu tempo.

Mesmo que não, é tudo arranjado.


Assim me digo em dia:

Há tudo para tudo,

E isso já deu o que tinha.

Eu é que sou bobo.


E nós, aqui, em paz, é que os somos todos em si,

Nas mais infinitesimais gotas dos grandiosos oceanos.

Foto by Vladlena Shevelova

2 comentários:

Lola disse...

isso foi tão bom que me roubou as palavras.

Stephanie disse...

Theo,

e não sei se você gosta de Walt Whitman, mas esse poema me parece muito dialogar com o 'Folhas de Relva'. Bonito. Gostei.

obrigada pelo seu comentário lá no blog, me deixou muito feliz. Eu não me importo com cometários superficiais do tipo 'bonitinho' - mas quando alguém realmente repara no estilo, no cuidado com o texto é sempre um estímulo, como você mencionou no seu texto-agradecimento aí em cima.

beijos!