Eu é que quero inspirar música e confundi-la com vida;
Eu é que quero o finalzinho do infinito do horizonte;
Eu quero é que o mundo e as pessoas se mostrem magníficas,
Porque eu sei que eu é que não sou.
E nós, aqui, em paz, é que os somos todos em si,
Nas mais infinitesimais gotas dos grandiosos oceanos.
Eu é que quero não ignorar ser nem experiência alguma:
Não importa, tudo é valioso.
Eu é que quero todas as caixinhas, todos os vestidos, todas as mulheres,
Os homens, as filhas, todos os velhos, os mudos, os pássaros e os veados:
Todos dentro de mim.
Eu é que quero buscar, ganhar – nada de perder-,
E fazer tudo no maior desconcerto.
Porque a vida de ninguém se perde no conforto da solidão em vão:
Há olhos para tudo,
Há bocas para oprimidos.
Eu é que não quero me trancafiar num microcosmo.
Eu é que, em mim, sei que amo.
Amo, amo demais. Mil vezes, se possível.
Mas não me irei tolhir, nem aprisionar a um ser:
Um homem, uma mulher.
(E eu que sou o tolo)
Pois há dias para se transcorrer;
E pensamentos para se transgredir:
Tudo em seu tempo.
Mesmo que não, é tudo arranjado.
Assim me digo em dia:
Há tudo para tudo,
E isso já deu o que tinha.
Eu é que sou bobo.
E nós, aqui, em paz, é que os somos todos em si,
Nas mais infinitesimais gotas dos grandiosos oceanos.
Foto by Vladlena Shevelova
2 comentários:
isso foi tão bom que me roubou as palavras.
Theo,
e não sei se você gosta de Walt Whitman, mas esse poema me parece muito dialogar com o 'Folhas de Relva'. Bonito. Gostei.
obrigada pelo seu comentário lá no blog, me deixou muito feliz. Eu não me importo com cometários superficiais do tipo 'bonitinho' - mas quando alguém realmente repara no estilo, no cuidado com o texto é sempre um estímulo, como você mencionou no seu texto-agradecimento aí em cima.
beijos!
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