segunda-feira, 17 de outubro de 2011

dois tempos

desmoronando
é quente e afaga

se desdobra mas
não se atira
a não ser que se mostre
uma tira do desconhecido

este fogo rumina mas
não se atiça
a não ser que a vossa vontade
continue insatisfeita

enquanto vosso desejo
continue irreparável
irremediável
sólido e por fim

se dilui mas
não se divagam as possibilidades
a não ser que o mundo
se torne humilde e expurgue
do líquido que lhe sobra
os detritos da infelicidade
poeirento

-

a excitação da aventura
recobre a abstinência de desejo
o dever que em virtudes
divinas suprimiu o carnal

não se alinha a
lágrima torpe que despenca
não despenca o olho
encrispado e pendido

e ao toque dos meus lábios
teu escroto rejuvenesce
a plenitude da tua carne
se dilata no interior

um encontro de almas
sem pudor sempre a perscrutar
os limites o âmago
corpóreo da sedução

um templo em que repouso
uma almofada sobre onde
pouso minha mente

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