sábado, 6 de novembro de 2010

prevejo logo vejo

Ele se absteve de vislumbrar o que o futuro lhe era ser e, assim, mostrou ao mundo as suas crenças. Medo que muitos têm de descobrir o será de si, se aquilo será ou se não será, e, pior, descobrir que está sendo, não era o lhe aflingia. sabia que a predição tinha lá suas falhas, tudo tem falhas, mesmo que poucas, mesmo que pífias, mesmo que não façam diferença alguma, a predição tem falhas e esse sim era o que o distanciava desses métodos quiromânticos, cartomânticos, espiralodifusoilusiomânticos e românticos do monte de charlatões que não tem dom ou possuem visão algum, que apenas habitam as esquinas e vielas e becos sem saída por aí, de qualquer mundo, de cidade. e você pode ter certeza de que isso vai afetar alguém algum dia, afetou a paranóia dele. ele, um cara sério e urbano, que não veste paletó pra ir ao trabalho, que trabalha em casa, bebe suco de laranja e tem uma inspiração bem oldschool - ele vai a livrarias, pena que não tenha ninguém para discutir literatura, uma pequena frustração. ele definitivamente não acredita nessa de destino, mas no que os fatos provocados por atos podem fazer por um futuro e as pessoas-mante conseguem VER é onde essa cadeia de reações de fatos intrincada com os fatos dos outros e os atos de todo mundo junto com os da natureza vão dar na vida da gente. quero dizer, na vida dele, porque eu não tenho vida, só nos seus olhos.
as falhas que ele via em todos os lugares, ele via em si mesmo, no seu cabelo, na sua mãe, no seu pai, no seu sofá, na geladeira, no totó e naquela vizinha chata que é perfeita, no fim das contas. essas falhas que ocorrem por nada mais que relações e padrões. na verdade, não há falhas, há padrões. nem há padrões. na natureza, há coisas e coisas são o que as coisas e nós somos. somos seres e se ele quiser considerar que ele é amor porque é o amor que move tudo (é verdade), por que não? ele pode chegar a essa conclusão, então por que isso não pode ser verdade, pelo menos a sua verdade? eu me abstenho de julgar certo e errado, parece tarefa de tolo, e ele julga certo e errado tudo o que está dentro dele, porque existem como conceitos e ele aceita isso. não há fraqueza em ACEITAR. ele concorda comigo. e ele acha que as previsões são bonitas, assim como as flores que ele compra toda semana, ele gosta de flores e tem gente que pode chamá-lo de veado por isso, mas é só o que ele gosta. não venham importunar o pobre rapaz, eu gosto dele. enquanto isso, ele tá fazendo chá e bebendo chá porque ele adora chá. a vida está nos prazeres, de que adianta?

3 comentários:

Anônimo disse...

Entre Aceitar e se Conformar, existe um abismo de diferença, e sem dúvida, você captou a essencia, Aceitar é das coisas mais belas da vida. é libertar-se.

Unknown disse...

Eu vejo a aceitação como a compreensão de algo e a consequente vivência plena e livre da própria vida com esse novo conceito. O se conformar é um viver eterno em desagrado e desconforto porque, na maioria das vezes, é a escolha mais fácil. É difícil aceitar, mas, depois desse entendimento, desse julgamento, e até da abstração de preoconceitos, a vida fica mais livre. Está ligado a uma liberdade de si e uma experiência mais contundente da realidade.

Rita disse...

Perfeito. eu não descreveria melhor. que orgulho de você *abraça*