quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Girassol


eu invejo aquela menina que dança ali ao lado. ela veste amplas saias que comportam uma grande delicadeza. forte. porque ela consegue se mover e seus movimentos de fêmea são sutis, seus olhares não são febris, mas são sedutores. é algo que se passa de mãe para filha, sem se falar nada, sem se pronunciar uma palavra, ou se fazer um gesto que algo se subentenda - é um segredo materno partilhado logo no útero, discreto, durante toda a gestação.
a menina baila com seu parceiro, com seu homem e ele, encantado, não percebe nem um pouco de toda a magia bruxa feitiço que a fêmea oculta e guarda. não compreende a intimidade que ela possui com o próprio corpo e com os seus rosados seios que, antes de alimentarem o seu fruto uterino, saciam a sede do homem por amor. as suas pernas, que ele segura com alguma rudez, são muito lisas, as linhas que a contornam são perfeitamente suaves, e o movimento de esticar e encaixar os dedos nas suas sandálias, pé por pé, ela o faz com profunda sensualidade. e, deslizando as mãos para cima, encontram-se as coxas, carne sobre ossos, que deixam fartas as mão do macho que as possuem. entre elas, está a flor puramente fêmea, o desejo e a sensualidade, receptiva, exalando o perfume para que a polinizem. o pequeno segredo de toda mulher. e, adentrando o seu estilete vem o vulcão, o senhor geofísico, másculo em toda a imponência, cuspindo e depositando, delicada e explosivamente, a sua lava, o seu magma terrestre, a pressão de todo o seu corpo e o acúmulo do seu amor no interior daqueles encharcados ovários.

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